4 de mar. de 2017

Já ouviu falar em ressaca digital?

Além da já conhecida consequência dos excessos na bebida, já é um fenômeno o que se poderia chamar de ressaca digital. Mesmo se você nunca ouviu falar, é bem provável que já tenha presenciado ou talvez até vivido.

ressaca-digital

Desde os remotos tempos onde o ICQ era febre, começava uma nova modalidade de interação, com mensagens instantâneas. Recurso útil em diversas situações, podendo até salvar vidas. Porém, há sempre o outro lado da moeda. Exagero, desequilíbrio ou mal uso...

Podemos notar no dia a dia nos ambientes de trabalho onde os bytes estão trafegando, transportando dados a todo momento. Documentos, relatórios, faturamentos... 

A tecnologia digital foi pensada para agilizar, aumentando ao mesmo tempo a eficiência e praticidade. Reduzir o desconforto; permitir que muito mais seja produzido em muito menos tempo... 

Isto tudo trouxe um senão: agravou a ansiedade, considerada a "doença do século", ou mais especificamente, "síndrome do pensamento acelerado", consequência de excesso de atividades e de estímulos sociais - como grupos de chat do "zap" - onde se troca idéias com muitos ao mesmo tempo e sobre dezenas de assuntos, com tendência à dispersão muito alta. 

Difícil aprofundar um tema, por mais que se criem regras. E isto está presente nos escritórios, mesmo onde as redes sociais estão bloqueadas, pois fica o hábito de variar constantemente os assuntos, passados resumidamente sem tempo para um melhor entendimento, quando não se trata de piadas para relaxar é claro. O ponto porém é a mudança nos nossos hábitos quando estamos já por longos anos nesta atmosfera digital. 

Como os computadores estão presentes em boa parte dos setores das empresas, esta agilidade das máquinas contribui para deixar-nos apressados. Uma demora no carregamento de uma página já causa irritação. 

Você tem centenas de cadastros para fazer no sistema até o fim do dia. Habituado ao "real-time", a ter respostas imediatas, habituado pelo padrão de resposta imediata, qualquer demora é desagradável. Pressa constante. Se trava ou dá erro o estresse toma conta, rendendo cabelos brancos precoces. A tecnologia foi desenvolvida com o propósito de melhorar a qualidade de vida, o que não funciona automaticamente, sem um controle semelhante ao que se deve ter com a bebida...

Ouça esta introdução:


Os efeitos são (de) uma droga!


Em muitas palestras o professor Pierluigi Piazzi (Pier) recomendava, entre outras coisas, que as famílias procurassem colocar o computador na sala, melhorando assim o controle do tempo de uso. 

Até aqui nenhuma novidade aos que leem. O que ocorreu é que com a febre dos smartphones, o computador agora cabe no bolso. Vemos então a mudança nas reuniões de família: 



ressaca-digital
2-Família ontem e hoje (tirado de página do facebook)

A respeito dos smartphones tem uma publicação no blog. Aqui, são as redes sociais e o impacto na mente, a "ressaca" provocada por um vício pelo "mundo dos bytes".

O que também não é novidade, para pais sobretudo, é a seguinte cena:
- Pai, compra este celular pra mim! - garoto mostra a foto advinha onde...
- Filho! Você já tem um celular aí, novo! Nem terminei de pagar!
- Pô pai! Todo mundo usa agora...

Todo mundo tem, todo mundo usa, todo mundo faz... 

Esta cena sem dúvida é a mais comum já de longa data. Pelo menos desde quando coisas como propaganda em massa começou, sobretudo pela televisão, além é claro da rede "amizade" de comunicação...

Fato é que, um idiota, rodeado de idiotas, pensa que é normal. 

Enfim, isso é apenas para dar uma idéia de onde nasce o problema, por mais incômodo que seja o tema. E é claro, não acontece somente com crianças ou adolescentes.

O mais importante é ter consciência dos efeitos.

Ouça este trecho:


Nomofobia?

ressaca-digital
3-"Prisão" virtual

Por incrível que pareça, já tem nome uma nova modalidade de compulsão: nomofobia, cujo sintoma é o medo irracional de permanecer isolado e desconectado do mundo virtual (veja mais à respeito neste link).

A síndrome de abstinência é semelhante à de usuários de drogas: febre, vômitos, depressão profunda, desespero etc. Tem já inclusive no Hospital das Clínicas de São Paulo um serviço de desintoxicação da internet! Você pode obter informações sobre este serviço neste site.

Outro dado ainda mais grave, segundo pesquisas, é o impacto negativo no QI do uso compulsivo de redes sociais: é o dobro comparado com o uso continuado da maconha! Ou seja, frequentar grupos de whatsapp pode prejudicar a inteligência duas vezes mais que fumar maconha! Confira neste trecho de uma palestra do professor Pier onde ele trata deste assunto. 

Sei que muitos divergem neste ponto, como se pode encontrar em muitos sites e fórums na internet. Para os mais experientes é já sabido o quanto de informação falsa circula na rede. Por isso recomendo esta publicação do Dr. Heitor de Paola sobre o assunto, aos que interessarem, em especial o 5º parágrafo.

Ouça este trecho:



A tecnologia das tecnologias...

ressaca-digital
4-Cérebro - a tecnologia das tecnologias

Esta dica é para melhor aproveitar a tecnologia das tecnologias que é o nosso cérebro. Afinal, de que adianta ter um excelente microcomputador, com a nossa cabeça avariada? 

Citando novamente o saudoso professor Pier, "os computadores são rápidos, mas burros; o cérebro humano é lento, mas genial! Nosso cérebro tem capacidade estimada o equivalente à 15.000 computadores de última geração conectados em rede - levantamento dos estudos de neurociência! Porém, não vem com manual de instrução e a maior parte das pessoas o usa muito mal...".

Venho citando muito este professor por ele ter deixado um legado, uma contribuição ímpar à educação sobretudo, servindo naturalmente, por tabela, à tecnologia da informação, que está presente em todas as áreas. Como ele foi programador desde os primórdios da computação, vale conhecer o excelente trabalho que ele deixou, que ajudou e continua ajudando a muitos. 

Quando se fala de males provocados pelo mal uso dos recursos digitais, as orientações do professor são valiosas. Ele chamava a atenção também para outro aspecto que serve como prevenção, que é a forma como nosso cérebro é programado. Os computadores são programados através de linguagens como C, Pascal, Java, entre outras. Mas qual é a linguagem de programação para a tecnologia das tecnologias?

A resposta é bem óbvia: a língua, o idioma. E não só a língua nativa. Quanto mais idiomas soubermos, melhor. Como são 15.000 máquinas. Inclusive como é de domínio público que usamos menos de 10% de nossa capacidade mental... Vi algumas propagandas de cursos como de digitação por exemplo, usando de um argumento muito interessante: "você investe para ter um computador com uma ótima configuração, rápido, eficiente, estável; mas que tal investir em você?"

Desenvolver a língua é sobretudo leitura. E neste caso, o recurso tecnológico mais indicado é o papel. Confira aqui no blog esta publicação para entender melhor. Ao final de suas palestras, o professor Pier resumia numa palavra o que fazer para desenvolver a inteligência, desenvolver a tecnologia das tecnologias, que criou estas das quais usufruímos: "Leia!"

Resumindo, mais leitura, menos bytes, mente desenvolvida e zero ressaca!

Ouça o trecho final: